EPISÓDIO
27 – O DESESPERO DE NÃO TER MAIS UM ROBÔ GIGANTE
NO CAPÍTULO ANTERIOR DE JACOHRANGERS:
- A TÁTICA COVARDE EMPREGADA PELOS JACOHRANGERS
DE USAR UM ROBÔ GIGANTE CONTRA UM MONSTRO DE TAMANHO NORMAL SÓ É BEM-SUCEDIDA
EM PARTES!
- O GIGANTE GUERREIRO JACOHLOSSAL TOMBA,
BLOQUEANDO ESTRADAS, DESTRUINDO LARES E ESMAGANDO UM CAMPO DE FUTEBOL.
O QUE IRÁ ACONTECER?
Após terem feito amor sob os escombros do
Gigante Guerreiro Jacohlossal, Paty e João surgiram diante de seus amigos
suados, cansados, ensangüentados, mas extremamente sorridentes. Japa não
conseguiu disfarçar seu ódio, Ruivão sentiu uma pontada de ciúme mesmo sem ter
consciência disso, e Negão e Polaco tinham ido procurar um bar nas redondezas.
Krordecimosexto estava em posição de “lótus”.
Parecia um praticante de yoga em estado meditativo. Os Jacohrangers logo
perceberam que daquela forma a criatura recobrava seus ferimentos. Mas como ele
tinha levado muitos golpes, muito tempo seria necessário até que ele estivesse
bem novamente. O que dava aos heróis algum tempo.
Os Jacohrangers que lá estavam decidiram voltar
a seu quartel-general. Lá poderiam conversar com o Mestre Jacoh e tentar
encontrar uma solução. O Gigante Guerreiro Jacohlossal poderia ser consertado?
Teriam dinheiro em caixa para financiar um robô novo? Encontrariam um robô
gigante usado em alguma concessionária de robôs? Poderiam firmar um acordo
diplomático com o Império Krar? Haveria tempo hábil para fugirem dos inimigos
covardemente e abandonar a Terra à própria sorte?
***
Sem encontrar uma solução para o problema,
Ruivão resolveu andar. O cheiro de putrefação, lixo mal armazenado e mendigos
avessos à prática do banho certamente lhe dariam a inspiração necessária para
encontrar uma solução. Caminhou sem rumo em direção ao amanhã, olhou para o
infinito e tentou encontrar seu fim, manteve-se absorto em suas frívolas
reminiscências pueris, até que teve um lampejo.
- É isso! – gritou, assustando os transeuntes
que estavam próximos.
O lendário e único exemplar do livro “Seus
problemas são realmente gigantes, ou você é apenas um idiota?”. Mais do que um
tomo de 17.212 páginas, aquele era um verdadeiro compêndio de informações,
conselhos, estatísticas, ilustrações infantilóides, relatos, depoimentos,
opiniões de especialistas, discursos verborrágicos, elucubrações prolixas e
todas as babaquices indispensáveis para o aprimoramento do caráter de um ser
vivo.
Ruivão lembrou-se então que o referido
exemplar, único em todo o Sistema Solar, pelo que se sabia, encontrava-se nas
salas abandonadas da famosa “Biblioteca Longínqua”, a biblioteca que ficava no
topo do monte mais alto de Cidadopolislândia. Estimava-se que o Monte da Altura
Alta tinha mais de cento e trinta e dois quilômetros de altura.
O Jacohranger vermelho por muito tempo fez contas:
quantos meses ele levaria para chegar até lá através dos métodos tradicionais
de escalada? Infelizmente, ele não poderia esperar tanto tempo assim. Se ao
menos sua equipe tivesse algum construto, máquina ou robô de com a capacidade
de voar...
- Espere! Temos o Gigante Guerreiro...
Não tinham mais. Era desesperador não ter mais
um robô gigante.
***
Polaco recebeu uma mensagem em seu celular.
Vinha de seus pais. O povo de Blumenau faria uma “Oktoberfest fora de época”.
Em pleno mês de dezembro, todos estavam convidados a beber até vomitar, dançar
até ficarem com sede e então beberem ainda mais. Tudo isso com músicas típicas,
trajes típicos e comidas típicas (excessivamente salgadas para deixar todos com
sede e os induzirem a beber ainda mais).
Sem dúvida, embriagar-se até perder o rumo de
casa era uma oportunidade que não devia ser desperdiçada. No entanto, para
assegurar sua presença no evento, Polaco deveria comparecer presencialmente no
local do evento e comprar ele mesmo seu ticket. O prazo se encerraria em menos
de duas horas. Tempo insuficiente para sair de Cidadopolislândia (localizada no
estado do Mato Grosso do Oeste) e ir até Santa Catarina.
- Espere! – o garoto pensou em voz alta.
Se seu grupo tivesse algum tipo de construto,
máquina ou robô que voasse a uma incrível velocidade, ele poderia cobrir a
distância em tempo hábil. Sim, talvez fosse possível. Afinal, eles tinham o
Gigante Guerreiro...
Realmente, não ter mais um robô gigante era
desesperador.
***
Paty estava sozinha outra vez. Sabia que, mais
uma vez, o tempo estava contra ela e seus amigos. Decidiu aproveitar o tempo
fazendo algo que julgava essencial, principalmente naquele momento: pintar as
unhas. Afinal, ninguém respeitaria uma heroína com esmalte descascado.
Ao vasculhar seus pertences, percebeu que
precisaria comprar outros esmaltes. E então se lembrou da sensacional promoção
da qual foi avisada por uma amiga: ela ganharia um kit com esmaltes de mais de
23652765237573573 de tonalidades, além de acetona e duas escravas para serem
manicure e pedicure em tempo integral. Para concorrer era simples: a pessoa só
precisava enviar uma foto sua acompanhada de algo ou alguém único ou especial.
A foto mais incrível venceria.
- E se eu mandasse uma foto minha ao lado de
algum veículo, máquina ou robô dos Jacohrangers? – a garota pensou.
Certamente, ninguém seria capaz de tirar uma
foto mais que incrível que ela. Quer algo mais sensacional do que uma foto ao
lado de algum veículo, máquina ou robô de um grupo de Super-Sentai? Principalmente,
se ela tirasse uma foto ao lado do Gigante Guerreiro Jacohl...
Definitivamente, não ter mais um robô gigante
era desesperador.
***
Cosplay de tokusatsus. Algo não muito comum,
mas que vez por outra ocorria em eventos organizados por fãs. João, após trocar
e-mails com fãs de Gokaiger e Kamen Rider Fourze, ficou sabendo de um evento
nas proximidades de Cidadopolislândia. Tratava-se do “Tokusatsus‘s enemies
enemies”, um fim de semana inteiro dedicado aos inimigos dos inimigos dos
grandes heróis.
A coisa mais sensacional era que haveria um
concurso, no qual seria premiada a mais bela maquete de veículo, máquina ou
robô Super Sentai. O Jacohranger verde leu os e-mails de seus amigos nos quais
eles contavam com entusiasmo que estavam construindo máquinas imensas para
competir.
João, claro, não precisava de nada disso.
Afinal, ele era membro de um grupo real de heróis. Ele venceria sem esforço
algum. Que chances teriam os outros competidores, com suas montagens, contra um
robô gigante verdadeiro? Bastava que o Jacohranger verde levasse para o
concurso o Gigante...
Indiscutivelmente, não ter mais um robô gigante
era desesperador.
***
Negão conheceu no shopping uma jovem. Linda ao
extremo, com longos cabelos negros, olhos profundos e radiantes, lábios
carnudos e bem delineados, traços faciais delicados, corpo sinuoso, vestes
reveladoras e de conversa agradável. Não tardou para que ambos iniciassem uma
animada conversa.
Ele revelou que tinha planos ambiciosos para o
futuro. Adquirir um patrimônio respeitável. Formar uma família linda. Conhecer
pessoalmente o Sílvio Santos. Construir uma cidadezinha de isopor. Descer as
cataratas em um barril. Enfim, encontrar a felicidade nas coisas mais preciosas
da existência.
Ela revelou seu maior sonho: fazer amor dentro
do compartimento interno de uma máquina que estivesse a mais de cinqüenta
metros de altura. O coração do Jacohranger preto saltou ao ouvir aquilo, pois
só seria preciso usar o Gigante Guerreiro...
Comprovadamente, não ter mais um robô gigante
era desesperador.
***
Japa manuseava seu celular, a procura de uma
mensagem antiga que recebera de um primo. Começou a procurar, nas múltiplas
funções do aparelho. Agenda, telefone, SMS, mp3 player, câmera fotográfica,
câmera filmadora, TV, computador, DVD, microondas, batedeira, liquidificador,
enceradeira, ferro de passar, betoneira, forno a lenha, aspirador de pó, ralador
de cenoura, robô gigante, domesticador de jacaré...
NO PRÓXIMO EPISÓDIO DOS JACOHRANGERS:
O tão criticado celular ultra-tecnológico
também tem, entre outras coisas, a função robô gigante. Será suficiente para
derrubar Krordecimosexto? Não percam no próximo domingo:
EPISÓDIO 28 – O CELULAR ULTRA-TECNOLÓGICO LEVA
À VITÓRIA